Operações de M&A e o crescimento do mercado

Na primeira matéria desta série, apresenta-se ao leitor uma visão geral sobre as operações envolvendo fusões e aquisições (M&A) e o impacto delas no cenário brasileiro. Para tanto, necessário ressaltar que em uma rede cada vez mais dinâmica, fluida e especulativa, o mercado se interliga por diferentes tipos de transações, acenando para as formas mais proveitosas de crescimento. Nessa ordem, o último ano foi marcante ao registrar um número recorde de fusões e aquisições realizadas em solo nacional, delineando, por consequência, um caminho a ser explorado pelo empresariado.

Panorama geral do cenário brasileiro

Segundo estudo desenvolvido pela PwC (PricewaterhouseCoopers) com base em dados de 2018, o número de fusões e aquisições no Brasil seguirá tendência ascendente, com destaque para o Estado de Minas Gerais. Em relação ao ano de 2017, houve uma melhora de 2% no total de transações ocorridas no país, perfazendo um valor total de US$ 36,8 bilhões. Importante frisar que, embora esse valor represente uma retração de US$ 12,1 bilhões em relação ao ano anterior no tocante ao aporte envolvido, o volume de negociações se aqueceu a um nível até então inédito, apontando o caminho para o comportamento do mercado na próxima janela.

A maior alta ocorreu graças aos investidores nacionais, o que alavancou o índice em 11% em relação a 2017, resultado de 389 operações concluídas. A título de comparação, os investidores estrangeiros se envolveram em 231 operações.

Muito acima do progresso nacional, Minas Gerais, em números absolutos, cresceu de forma vertiginosa em 2018. Comparado a 2017, ano passado o estado anotou um incremento de 40,5% em procedimentos de fusões e aquisições, ocupando o 3º lugar no ranking nacional (atrás apenas de São Pauloe Rio de Janeiro). Tal melhora substancial no cenário mineiro foi capitaneada pelo setor de inovação e tecnologia (34% do total), seguida pelos serviços públicos (20%), alimentos (17%), mineração (14% e varejo (14%).

Fusão e aquisição: conceito básico

Antes de adentrar no assunto principal e embora ambas estejam reunidas na sigla M&A, a título de contextualização, fusões e aquisições diferenciam-se tanto nas especificidades do rito a ser adotado,na agressividade do modelo, quanto no resultado ao final da transação.

A primeira forma de negócio compreende, via de regra, em uma estratégia coorporativa na qual duas ou mais empresas se juntam para formar uma nova, com uma nova identidade. Na aquisição, por sua vez, há a compra de participação minoritária, majoritária ou total, sendo possível, neste contexto, a utilização de diversas estruturas societárias, a depender, dentre outras, da estrutura de investimento utilizada na aquisição da participação.

Do procedimento de aquisição, portanto, não resulta uma nova personalidade jurídica, enquanto, na fusão, observa-se a criação de uma nova personalidade jurídica.

M&A: definição e características básicas

Diferenciadas as transações, M&A é uma expressão simplificada para Mergers and Acquisitions, ou, em português, traduz as duas negociações acima retratadas. Essa sigla compreende um minucioso processo negocial, visando a consolidação de uma estratégia empresarial do comprador, sendo possível que este tenha em mente atuar em novo mercado ou ampliar sua participação em um mercado no qual já atue.

Norteado por diretrizes e métricas científicas, resultados e análises de risco, o processo de M&A, com suas etapas bem definidas e resultados satisfatórios, ganha um espaço cada vez maior na economia global, conforme aludiu o primeiro tópico. Nessa esteira, é importante destacar que fusões e aquisições se guiam por rígidos parâmetros de avaliação e capacitados agentes intermediadores, tendo eles em vista assegurar não somente a realização do negócio em si, mas consolidar o resultado obtido por meio do procedimento, em medidores que se estendem desde novo preço de mercado, abrangência e relevância de marca, aumento de receitas e redução de custos, além de melhores condições de atuação.

Como disse o professor Jeffrey Hooke na obra “A Practical Guide to Doing the Deal”, por mais que os consultores envolvidos em processos dessa natureza tenham caminhos diversificados para consecução dos seus objetivos, é fundamental que estes tenham um vasto histórico de atuação em procedimentos dessa natureza.

A opção pelo M&A, em suma, justifica-se pela valorização e expansão da empresa, e, não menos relevante, pelo ganho financeiro que pode ser proporcionado às partes, havendo evidencias no mercado quanto a um substancial desejo por crescimento, inovação e ganho de concorrência.